Quatro derrotas consecutivas por 2 a 0: Inter sucumbe e tem derrota melancólica para o América-MG pela Copa do Brasil

Filme repetido. Filme de terror para a torcida colorada. Nos últimos 4 jogos, o Internacional repetiu problemas: dificuldades ofensivas e defensivas, inferioridade de capacidade física, além, claro, das derrotas sempre pelo placar de 2 a 0. A novidade da vez foi que a queda ocorreu para um misto dos times titular e reserva com jovens das categorias de base do América Mineiro, equipe que, após 6 rodadas na Série A, ocupa a 20ª e última colocação na tabela de classificação. Este foi o Inter que se apresentou na noite de quarta-feira (17/05) na Arena Independência, em Belo Horizonte (MG), para correr por 112 minutos na 1ª partida da fase de oitavas de final da Copa do Brasil de 2023 e, em raras ocasiões, tentar fazer gols. O atacante Aloísio, em duas cobranças de pênalti, fez os gols do jogo.
O Inter não ganha há 5 partidas, nas quais acumulou 1 empate e 4 derrotas. E saiu derrotado dos últimos quatro compromissos sem marcar um gol sequer: 2 a 0 para o São Paulo no Morumbi; 2 a 0 para o Athletico Paranaense no Beira-Rio; 2 a 0 para o Atlético Mineiro no Mineirão; e 2 a 0 para o América Mineiro no Independência.
O próximo desafio do Inter é visitar o Grêmio em jogo da 7ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série A, no domingo (21/05), às 18h30, na Arena. Pela Copa do Brasil, o Colorado jogará em casa contra o América-MG no dia 31 de maio para tentar reverter a desvantagem de 2 gols.

ANÁLISES PÓS-JOGO DO VDG
Alexandre Ernst: “Tem que fazer alguma coisa, seu Barcellos. O Inter pode mais, né, seu Barcellos. Está aí: estou vendo o Jean Dias, a ciência de dados. Parabéns, uma das atuações e das maiores vergonhas da história do Internacional dentro do Independência. Um time ridículo como o América Mineiro que praticamente veio para o jogo para empatar ou não jogar. E conseguimos perder por 2 a 0. Mais um 2 a 0. São 10 gols sofridos nos últimos 5 jogos: 2 do Nacional; 2 do São Paulo; 2 do Athletico Paranaense; 2 do Atlético Mineiro; e 2 agora do América Mineiro, time que é o lanterna do Campeonato Brasileiro. No time que tem a pior defesa do Campeonato Brasileiro, o Inter não conseguiu marcar um gol. O pior de tudo é a falta de perspectiva. Não temos perspectiva de pensar para onde vai o Internacional. Tem alguma coisa de errado no vestiário. Isto é muito claro. Os jogadores não jogam isto que estão jogando em campo. É falta de comando, é de repente salário atrasado. A direção de futebol diz que não tem salário atrasado”.
Lucas Collar: “Ou cai o Mano ou cai o Inter. O Inter já está fora da Copa do Brasil. Não precisa nem jogar o jogo da volta. Sem Bustos, sem Alan Patrick. O Inter vai ser rebaixado para a 2ª divisão se continuar o trabalho do Mano Menezes. Deu. Chega. ‘Ah, o Gre-Nal, o fato novo’. Vamos tomar outro 5 a 0 para o Grêmio se continuar o Mano Menezes. O América-MG botou o sub-20 para jogar contra o Inter. Tomou um totó, o Inter. Dois a zero para o América Mineiro, que não ganhava há 5 jogos. O América vai ser rebaixado para a Série B. Daqui a pouco vai o Inter junto. O Inter não tem nada: o coletivo do Inter é vazio, o individual do Inter é vazio, o emocional do Inter é vazio, o tático do Inter é vazio. O Inter não tem nada. O Inter joga futebol de time rebaixado. O Inter está sendo humilhado pelo América-MG dentro Independência. De novo. O time botou sub-20 porque não queria passar na Copa do Brasil. O América disse: ‘me elimina, Inter’. E está saindo com 2 a 0”.

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ENTREVISTAS COLETIVAS
Após a partida, o treinador colorado Mano Menezes e o presidente do Internacional, Alessandro Barcellos, concederam entrevistas coletivas.
Mano analisou o empate: “inconformidade do que apresentamos como equipe. Perdemos para uma equipe que optou por formação quase que reserva para iniciar o jogo. Nós, depois de termos começado com produção boa, caímos nas dificuldades. O adversário foi bastante baixo, ficou atrás. Não conseguíamos penetrar neste bloco e passamos a não criar mais oportunidade de qualidade para nos dar a vitória. Fomos ao segundo tempo. Conversamos, ajustamos um pouco. Acho que voltamos um pouco melhor. Veio o lance determinante do jogo, na minha opinião, em que saímos de 1 a 0 a favor para menos um jogador em campo. Depois, com o sofrimento de menos 1, sofremos os dois gols de penalidade máxima e amargamos nossa quarta derrota, algo muito inusitado desde que estou aqui. No futebol brasileiro quase que todo sabe como você vai jogar e o que faz a diferença não é a maneira como o treinador põe o time em campo, é como o time executa a ideia”.
Quando perguntado sobre se pensou ou colocou o cargo de treinador do Inter à disposição, Menezes respondeu: “A demora [para começar a entrevista coletiva] se deveu à necessidade de termos uma conversa muito clara entre todos nós para a continuidade do trabalho e a crença de que nós mesmos podemos resolver o problema em que nos metemos. Era fundamental que, olho no olho, tivéssemos uma postura de grupo que está passando por uma dificuldade extrema. Não vamos esconder isto. Nem precisa. Nem tem como esconder. O torcedor e nós só temos dois caminhos: ou nós acreditamos em nós, na nossa capacidade de fazer, de construir e de trabalhar, ou nós acreditamos naqueles que querem sempre destruir as coisas que os outros tentam fazer. O Internacional só tem um caminho: acreditar naqueles que estão aqui no dia a dia, trabalhando”.
Alessandro Barcellos: “nós temos consciência de que o momento é ruim. Quarta derrota que tivemos em sequência em um jogo em que projetamos a vitória. Por circunstâncias nossas e do jogo, principalmente nossas, deixamos os 3 pontos e uma distância de 2 gols em uma competição eliminatória. Isto coloca um grau de dificuldade muito maior. Isto não é brava, é história: para quem acredita no Internacional, nós vamos trabalhar até o jogo da volta para buscar esta classificação no Beira-Rio. Estas duas semanas, mesmo com os jogos que teremos, elas também vão servir para que a gente possa se preparar melhor ainda para o jogo da volta”.
Barcellos: “vai haver mudanças, sim. Tem que haver mudanças. Mudança de comportamento, da forma de encarar um clássico, que temos no domingo. Demoramos exatamente porque aproveitamos este momento e, em alguns casos, nunca é bom de se fazer estas avaliações de cabeça quente, mas hoje era preciso. Tínhamos que aproveitar este momento de indignação de todos nós, da direção, dos jogadores, comissão técnica com esta necessidade de mudar postura e atitude. Este compromisso tinha que ser assumido por todos, não só pela direção, jogadores ou comissão técnica, para que tivéssemos o compromisso de apresentar uma outra postura e uma outra condição se isto é o desejo de todos, porque se não é, aí a gente precisaria mudar outras questões, mas, como este compromisso existe e a gente acredita muito no trabalho, nós temos certeza de que é possível e o futebol dá estas oportunidades. Vamos agarrá-la com as duas mãos para dar resposta a este momento ruim”.
O presidente do Inter, quando questionado pelo repórter Lucas Collar sobre os argumentos para acreditar no trabalho atual, disse: “dou razão ao torcedor para duvidar. Faz parte de quem vive o ambiente do futebol e não está tomando decisão, ter estas opiniões. E elas são legítimas. Eu não olho só para o Mano de 23, eu olho para o Mano de 22. Eu acho que o Inter de 22, principalmente do 2º semestre, foi um Inter propositivo, um Inter que criou situações de gol, que fez muitos gols, um dos melhores ataques do campeonato, uma das melhores defesas do campeonato, recorde de pontos do Inter no Brasileiro de pontos corridos. Eu vejo muita coisa que dialoga com um time que quer ganhar e quer vencer. Agora, não. Mas eu enxerguei este Inter há pouco tempo. Sobre este Inter que a gente conversa lá dentro, por exemplo, para que cada um possa ajudar a recuperar”.
Ao final da coletiva, quando perguntado pelo repórter Jairo Winck sobre como ele, presidente do clube, acreditava que seria diferente no Gre-Nal de domingo após tantos maus desempenhos em 2023, Alessandro Barcellos respondeu: “mas, me diz uma coisa, Jairo: qual é a solução? Me diz tu qual é a solução”. Jairo retrucou: “eu sou repórter, o senhor é presidente”. Barcellos: “pois é, mas eu estou te dizendo: tu está me apontando um conjunto de problemas. Eu estou te perguntando qual é a solução. A solução é trabalhar e acreditar que estes profissionais são profissionais em primeiro lugar, assim como vários profissionais de outras equipes fizeram isto sob pena de tu me dizer o seguinte: tem que tirar os 35 jogadores do plantel e a comissão técnica, e fazer tudo de novo. Não é isto. Não é assim que se resolve. A história já mostrou que, quando se tentou fazer isto em muitos casos, tivemos problemas gravíssimos. Eu não vou nem dizer em qual ocasião era porque foram várias”.

A PARTIDA
O Inter começou o jogo com mais posse de bola, acumulando as possibilidades para marcar. Esteve perto disto no minuto 5 com uma cabeçada feita por Alan Patrick que exigiu boa defesa do goleiro adversário, que, um minuto depois, espalmou chute feito desde a meia esquerda por Wanderson. Depois a atuação colorada foi amornando até esfriar. O América-MG, com alguns reservas e um público diminuto nas arquibancadas, cresceu no jogo. No minuto 36, Everaldo fez jogada pela direita e cruzou bola para dentro da grande área, onde Breno, por poucos centímetros, não a alcançou e se aproveitou da falta de marcação colorada para fazer o primeiro gol do jogo.

Inter não marca gols há 4 jogos, sendo que Maurício teve um gol anulado contra o América-MG. Foto: Ricardo Duarte / Internacional

O 2º tempo começou com o América-MG acumulando quatro finalizações em 12 minutos, todas sem demasiado perigo para a meta colorada: foram duas cabeçadas, sendo uma de Iago Maidana e outra de Danilo Avelar, e dois chutes de longe da grande área, executados por Renato Marques e Emmanuel Martínez. A primeira aparição ofensiva do Inter na segunda metade do jogo ocorreu no minuto 16: após cruzamento feito por Fabricio Bustos, Maurício desviou a bola de cabeça dentro da área, que resultou em fácil defesa do goleiro do América-MG. Dois minutos depois, Maurício teve um gol anulado, porque, na jogada, Alan Patrick teria feito falta em Lucas Kal. O camisa 10 do Inter recebeu o segundo cartão amarelo no jogo e, por consequência, o vermelho.
Meia dúzia de chances de gol de reduzido perigo para os goleiros foram criadas até o final do jogo em um ritmo lento de partida no Independência. No minuto 48, o atacante Aloísio converteu em gol uma penalidade sofrida pelo volante Lucas Kal em lance com Carlos De Pena. No minuto 61, Aloísio cobrou outra penalidade no canto direito inferior – Keiller em ambas saltou para o lado esquerdo – e marcou o 2º gol do América-MG. O segundo pênalti foi sofrido pelo próprio Aloísio ao ser tocado por Bustos dentro da grande área.

Nico Hernández fez o 2º jogo pelo Inter. Foto: Ricardo Duarte / Internacional

FICHA TÉCNICA
América-MG: Mateus Pasinato; Marcinho, Wanderson (Ricardo Silva), Iago Maidana e Danilo Avelar; Lucas Kal, Breno (Martín Benítez) e Emmanuel Martínez (Alê); Everaldo, Renato Marques (Aloísio) e Matheus Gonçalves (Felipe Azevedo). Técnico: Vágner Mancini.
Internacional: Keiller; Fabricio Bustos, Gabriel Mercado, Rodrigo Moledo e Thauan Lara (Nico Hernández); Gustavo Campanharo (Johnny) e Gabriel Baralhas (Carlos De Pena); Maurício (Jean Dias), Alan Patrick e Wanderson (Pedro Henrique); Alexandre Alemão. Técnico: Mano Menezes.
Gols: Aloísio (1-0 e 2-0, ambos de pênalti).
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ); assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP) e Michael Correia (RJ); quarto árbitro: Felipe Fernandes de Lima (MG);
árbitro de Vídeo (VAR): Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP); assitentes de VAR: Herman Brumel Vani (SP) e Vinícius Furlan (SP).
Cartões amarelos: Fabricio Bustos, Gabriel Mercado, Thauan Lara, Gustavo Campanharo, Alan Patrick, Pedro Henrique e Mano Menezes, técnico (Inter); Ricardo Silva, Emmanuel Martínez, Everaldo, Wellington Paulista – cartão recebido pelo atleta na condição de suplente – e Vágner Mancini, técnico (América-MG).
Cartões vermelhos: Alan Patrick, Fabricio Bustos e Sídnei Lobo, auxiliar técnico (Inter)


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