A polêmica das torres: quanto o Inter pode ganhar e o trâmite para explorar a área

Vou começar pelo óbvio: NÃO se deve descartar a questão ambiental do debate a respeito da construção das torres ao lado do Beira-Rio. Aliás, NÃO se deve descartar QUALQUER debate sobre o assunto que seja ligado ao Inter. Muito menos, o juízo de valor sobre ser A FAVOR OU CONTRA que algo seja feita na área. São INFORMAÇÕES que julgo ser importantes para o ENTENDIMENTO e até mesmo ENRIQUECIMENTO do debate. Dito isso, vou apontar o texto para algumas questões referentes ao PATRIMÔNIO do CLUBE.

O trâmite levantado na Câmara de Vereadores tem um único objetivo: permitir ou não que a área próxima à estátua do Fernandão seja alienada. O debate sobre plano diretor, questões ambientais, contrapartida à cidade por parte do Inter etc. está sendo levado em conta. Mas, a priori, o que o projeto de lei complementar n° 004/19 busca é liberar ou não o clube a excluir uma faixa de 25.000m² (vinte e cinco mil metros quadrados) do caput de cedência (acredito que você saiba que a área do Beira-Rio é uma doação ao clube e, por isso, não pode ser vendida) para exploração comercial, para a construção de uma praça de esportes e tenha a autorização para a realização de empreendimento imobiliário.

A partir do sim dos vereadores de Porto Alegre, o modelo de negócio será desenvolvido. O que se especula nos bastidores é que o Inter pretende vender a área. O projeto, entretanto, é desconhecido. Talvez justamente porque não se tem, ainda, a liberação da Câmara. Mas existem os mais variados planos: venda, aluguel da área, ganho contínuo por exploração – como o shopping do Atlético-MG em Belo Horizonte – cedência por determinado período…

Quer ter uma ideia de valores? Na hipótese levantada de VENDA do espaço, mesmo que o objeto em votação englobe 25.000m², a área construída seria cerca de algo na casa dos 13.000m², sendo a área aproveitável para ser usada como base de cálculo da venda do imóvel em torno de 12.000m². O preço médio do m² no Menino Deus, bairro em que o Beira-Rio está localizado, está na casa dos R$ 5 mil/m². Será uma área das mais nobres da cidade, então vamos extrapolar os valores do m² para até R$ 10 mil/m². Logo, se vendida, aquela parte do complexo Beira-Rio valeria entre R$ 60 milhões e R$ 120 milhões.

Passada a autorização no parlamento da cidade, qual o trâmite dentro do Inter? Por Estatuto, o artigo 6° deixa claro que “a alienação ou a aquisição de qualquer bem imóvel dependerá da prévia aprovação do Conselho Deliberativo”, tendo a necessidade que “o Conselho Fiscal e o Conselho Consultivo (ex-presidentes do clube e do CD Colorado) sejam ouvidos”. Ou seja: não há previsão de Assembleia ou consulta pública aos associados do Inter. Pode haver? Claro que pode. Mas, ESTATUTARIAMENTE, não há necessidade da aprovação do sócio do clube para o modelo de negócio que venha a ser proposto.

O debate será longo. Não tenho dúvidas. Espero ter contribuído, minimamente, para que o teu argumento em cima do “sim” ou “não” tenha conhecimento. Ainda que saiba que a paixão e a emoção vai, sempre, falar mais alto quando o assunto for Inter.

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